A pedra devolveu o frio primeiro. Rivera acordou dentro dele, como se o corpo tivesse virado parede. O teto era baixo, sulcado por uma cicatriz antiga; do outro lado, além das barras, corria um corredor estreito, do tipo que só aprende a respirar depois que o medo senta. A luz, pálida, vinha de um retângulo alto, e por um instante ele pensou estar sonhando — até ouvir o ferrolho arranhar metal em alguma porta distante. Aquele som não tinha imaginação: era hábito.
Sentou-se devagar. A cabeça pesava, a boca tinha gosto de ferro e silêncio. Tateou a nuca, o travesseiro de pedra, o lençol áspero. Nada de arma. O vazio sob a nuca doeu mais do que a pedra.
— Ei! — a voz saiu rouca, mas viva. — Quem está aí?
Uma voz de homem, cansada e obediente demais para ser livre, respondeu do fundo do corredor:
— Senhor… sou eu. Gianni.
Rivera avançou até as grades. A vista puxou para trás, ajustando-se ao corredor. À esquerda, três portas. À dire