SOFIA
A porta da casa se abriu devagar, rangendo como se até ela soubesse que aquele momento precisava de silêncio. Prendi a respiração. Senti meu coração bater tão forte que parecia ecoar nas paredes — um tambor acelerado dentro do peito, prestes a explodir.
Eduardo entrou primeiro, com passos calmos, mas eu vi a tensão no ombro dele. Colocou a chave no móvel da entrada e virou-se para mim com um olhar terno, cúmplice.
— Ele tá na sala... brincando com os blocos.
Assenti, engolindo em seco. A garganta ardia, como se palavras demais estivessem entaladas ali, esperando o instante certo pra desabar. Meus pés se moveram devagar, cada passo um universo de lembranças, saudade e expectativa.
E então, ali no meio do tapete da sala, entre castelinhos tortos e bloquinhos coloridos, estava ele.
Enzo.
Com os cabelos bagunçados, vestindo um pijama amassado com estampa de dinossauros e os olhos semicerrados de concentração infantil. Seu pequeno império estava erguido em blocos de plástico — e meu