Algum tempo depois
Dia da audiência
EDUARDO
O tribunal é um campo de guerra vestido de toga.
As paredes geladas abafam as emoções, mas não conseguem conter o que pulsa no meu peito. Cada som — o estalar da caneta do juiz, o arrastar de cadeiras, o murmúrio da imprensa do lado de fora — ecoa como um trovão nos meus ouvidos.
Isabella entra como se estivesse em um palco. Cabelos alinhados, maquiagem sóbria, o olhar treinado para parecer frágil. Ao lado dela, o advogado: um tubarão disfarçado de cordeiro, com palavras ensaiadas e sorrisos venenosos.
Eles falam durante meia hora como se fossem protagonistas de um drama que nunca viveram. Apresentam laudos, vídeos editados, mensagens fora de contexto. Falam de “arrependimento”, “cura”, “vontade de ser mãe”.
Eu respiro fundo. Olho para Sofia ao meu lado.
Ela está pálida, os dedos entrelaçados nos meus, tentando esconder o tremor. Mas os olhos dela... eles queimam. Coragem. Amor. Medo. Tudo junto.
— Tá pronta? — murmuro.
Ela assen