SOFIA
Encontro Eduardo na varanda. Ele está sentado no banco de madeira, os cotovelos apoiados nos joelhos, o olhar perdido na chuva fina que escorre pelo vidro. Algo nele me assusta. Está tenso. Rígido. Silencioso demais.
— Aconteceu alguma coisa? — pergunto, aproximando-me devagar.
Ele demora a responder. Então tira do bolso interno do paletó um envelope amassado e o segura no ar por alguns segundos, como se pesasse toneladas.
— Recebi uma carta. Sobre você.
Meu corpo paralisa. O estômago se contrai como se eu tivesse levado um soco. Sinto o sangue fugir do rosto.
— O que... o que dizia?
Ele não responde. Apenas me estende o papel, sem dizer uma palavra.
Meus dedos tremem quando pego o envelope. Reconheço a caligrafia estranha, dura, cruel. Leio.
> “Você não conhece a verdadeira Sofia. Se soubesse o que ela fez antes de trabalhar pra você, jamais a deixaria perto do seu filho.”
Cada palavra entra em mim como uma lâmina. Cada letra é uma sentença que me arranca o ar.
Levan