EDUARDO
Havia apenas um nome capaz de abrir portas pro Victor sem deixar rastros: Jonas Meireles. Ex-diretor jurídico da Ferraz Group. Um homem feito de fumaça e veneno. Andava pelos corredores do poder como se fossem túneis escuros, e sempre soube como escapar pela sombra antes da lâmpada acender.
Marquei com ele num café discreto no centro, onde as paredes eram finas e os olhares, rápidos. Ele não esperava me ver. Quando me viu, o sangue pareceu sumir do rosto. O suor brotou como se a culpa estivesse tentando escapar pelos poros.
— Que honra, Eduardo… — ele forçou um sorriso. — O que devo ao reencontro?
Sentei à frente dele sem cerimônia. Minha presença era uma sentença, e ele sabia.
— Não vamos perder tempo com teatro, Jonas. Eu sei que você tem falado com o Victor.
Ele deu uma risada fraca, aquele tipo de som que fede a mentira antes mesmo de sair da boca.
— Victor? Faz tanto tempo que não ouço esse nome…
Inclinei o corpo. A mão firme sobre a mesa. A madeira estalou sob meu peso,