EDUARDO
Cheguei no chalé no começo da noite. O céu ainda exibia um azul desbotado, como se o dia tivesse se recusado a morrer completamente. Mas dentro de mim, não havia luz. Apenas uma escuridão densa, feita de lembranças, ameaças e um medo que eu jamais admitiria em voz alta.
Cada passo que eu dava em direção à porta parecia me afundar mais. Como se o chão quisesse me engolir, como se as decisões do passado estivessem coladas aos meus pés, pesando como chumbo.
Antes mesmo que eu levantasse a mão pra bater, a porta se abriu.
Sofia estava ali. Como se tivesse sentido meu cheiro, minha energia, meu desespero. Os olhos vermelhos denunciavam o choro recente. O cabelo preso de qualquer jeito mostrava que ela mal tinha tido tempo ou força pra se cuidar. E mesmo assim, estava linda. Forte. Inquebrável. Vestia uma blusa minha por cima do pijama e aquele gesto simples me desmontou.
— Ele tá dormindo — ela disse baixinho, puxando minha mão pra dentro com uma urgência serena. — Mas não vai cons