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Capítulo Dois — Criando Estratégias

O ar-condicionado da sala de operações mantinha a temperatura estável, mas não conseguia refrescar minha mente que fervilhava com aquela informação sobre Heitor. Ele estava vivo. Ativo. E liderando a organização que destruíra minha vida anos atrás. Sentei-me diante da equipe, olhando para os rostos familiares: Delegado Nilo, meu braço direito nos interrogatórios; Carla, especialista em rastreamento digital; e Jorge, analista financeiro e mestre em decifrar empresas de fachada.

— Todos nós precisamos nos concentrar — comecei, tentando me manter firme, apesar do turbilhão dentro de mim. — Heitor Almeida Castro está ativo e proativo, diga-se de passagem. Temos que descobrir a fundo o que ele está fazendo. Nilo, quero cada movimento dele monitorado. Carla, rastreie todas as transações. Jorge, passe a lupa nos contratos suspeitos e fornecedores.

— Delegada — Nilo interrompeu, sério —, ele não aparece como “Heitor Almeida Castro” em nenhum documento anterior. Como temos certeza de que é ele mesmo?

— Temos conexões com empresas de fachada e registros de transferência que cruzam com movimentações antigas que só poderiam estar relacionadas a ele — expliquei, sentindo a pressão no peito. — Os padrões, os contatos, a logística… tudo b**e com o que já conhecemos.

Carla ergueu a sobrancelha, pensativa.

— Isso significa que ele está operando de dentro, de forma estratégica. Não é apenas alguém que apareceu, delegada. Ele assumiu comando.

— Exatamente — afirmei, respirando fundo. — E não podemos esperar que ele cometa erros. Se quisermos provas concretas, precisaremos nos infiltrar.

O silêncio tomou a sala. Samuel franziu a testa. 

— Você está sugerindo… um agente disfarçado?

Assenti. 

— Sim. E esse agente sou eu. É a única forma de obter informações confiáveis. Precisamos de alguém da equipe para conseguir penetrar no círculo íntimo dele. Eu garanto que farei o meu melhor.

Jorge desviou o olhar, preocupado. 

— Doutora Myrthes, isso é arriscado demais. Não sabemos do que ele é capaz.

— Claro. Devemos levar isso em conta e para isso que estamos aqui como uma equipe, criando estratégias — respondi, firme. 

Minha equipe não sabe que eu o conhecia muito bem e o Heitor também precisava saber que não sou mais a garota do sertão que ele deixou. Sou delegada da Polícia Federal. Tenho aliados, proteção e… motivação. Mais motivação do que ele pode imaginar.

Nilo assentiu, ainda cauteloso. 

— Então, precisamos definir a cobertura, contatos e rotas de entrada. Nada pode ser deixado ao acaso.

Carla abriu o laptop e começou a mostrar mapas e listas de pessoas associadas a Heitor. 

— Temos três potenciais áreas de infiltração: empresas de fachada, fornecedores e serviços que ele utiliza para movimentar dinheiro. Precisamos escolher o ponto que oferece mais acesso e menos risco de exposição.

Enquanto a equipe discutia estratégias, meu telefone vibrou. Era uma chamada de Alexandre, meu pai adotivo. Um empresário que me resgatou anos atrás, e de sua esposa, Helena. Eles me deram outra chance quando ninguém mais acreditava que eu podia reconstruir minha vida. O que tinham feito por mim não tinha preço.

— Myrthes, querida. Estamos com saudades — disse Alexandre, com voz carinhosa. — Quando pretende vir visitar esse casal de velhos?

— Velhos? — respondi, sorrindo. As ligações eles sempre me traziam paz e um sentimento de pertencimento, mesmo diante de momentos como esse. — Vocês ainda dão um bom caldo. Como está a Helena? Também estou com saudades. Pretendo ir visitá-los logo. Só estou muito atarefada no trabalho

Helena falou em seguida, doce e firme.

— Nossa menina… você precisa se cuidar. Está trabalhando demais. Nós estamos bem e queremos que você também esteja.

— Eu sei, Helena — murmurei, sentindo a saudade apertar. — Vou tentar diminuir o ritmo. Está bom assim?

Rimos juntos.

— Vamos aguardá-la ansiosos. Precisamos colocar os assuntos em dias. Quem sabe planejarmos umas férias? — Helena sugere.

— Também não é pra tanto, mãe. Me espera pra almoçar no fim de semana. Assim vamos matar a saudade.

— Ótimo! Vou fazer os eu prato preferido — Helena completou. — Estamos com você, sempre.

Desliguei o telefone, e o silêncio voltou a sala de operações. Mas agora, não estava sozinha. Tinha minha equipe, tinha Alexandre e Helena, e tinha a determinação de que nada iria me parar.

— Myrthes — Nilo falou baixinho, quase me chamando de volta —, precisamos planejar sua entrada na organização. Disfarce, identidade, credenciais falsas. Precisamos que seja crível, convincente.

Clara olhou com uma mistura de admiração e preocupação. 

— Delegada, isso é perigoso. Se ele suspeitar, pode ser o fim.

— Eu sei o risco — disse, com firmeza —, mas não podemos esperar que ele cometa erros. Precisamos de provas sólidas. Nada de palpites. Nada de informações de segunda mão.

Jorge, sempre pragmático, interveio. 

— Vamos precisar de documentos falsos, registros de trabalho e referências impecáveis. Qualquer erro e ele vai desconfiar — alertou Jorge, sempre pragmático.

— Já organizei parte disso — respondi, abrindo o laptop. — Alexandre e Helena me darão apoio com contatos e recursos empresariais. Já tenho o disfarce de Valentina Cruz pronto no meu protocolo de segurança; documentos, histórico e referências que ninguém desconfiaria. Ele não vai encontrar uma delegada, vai encontrar uma profissional acima de qualquer suspeita.

Parei por um momento para refletir se emocionalmente eu estava preparada para essa missão. Eu não poderia deixar escapar essa chance de descobri a verdade. Seria uma missão dupla. Se souberem que tenho envolvimento pessoal com a investigação serei afastada e isso eu não vou deixar

Fechei os olhos por um instante, lembrando do menino que perdi, da adolescente que sofreu, da mulher que lutou para se reconstruir. — 

Eu vou conseguir, gente — respondi, firme. — Ele não vai nem desconfiar. 

A equipe continuou a planejar, dividindo tarefas, definindo rotas, estudando horários e contatos. Eu sabia que cada minuto era crucial. Cada passo errado poderia colocar tudo a perder.

Quando a reunião terminou, voltei ao meu escritório. Olhei para a parede e vi fotos antigas: meu filho bebê, Alexandre e Helena sorrindo, minhas conquistas. Cada imagem me lembrava do que estava lutando para proteger e recuperar.

— É hora de agir — murmurei para mim mesma, sentindo o peso da responsabilidade, mas também a excitação de finalmente ter uma chance de olhar nos olhos dele, de descobrir quem ele realmente se tornou.

O telefone tocou novamente. Era Carla. 

— Delegada, temos confirmações adicionais. Ele acabou de entrar em contato com um fornecedor internacional. O registro mostra transferência de grande valor para contas que cruzam com aquelas que investigamos há anos. Ele está ativo e alerta.

Assenti, respirando fundo. 

— Certo. Vamos começar imediatamente. O doutor Nilo, Jorge e você, cada um de nos dará suporte total. 

Enquanto desligava, senti uma mistura de medo e determinação. O passado e o presente finalmente estavam prestes a se confrontar. Heitor não era mais o menino do sertão que conheci. Ele era alguém maior, mais perigoso. Mas eu também não era mais a garota desamparada que ele deixou para trás.

E, naquele instante, percebi que a única coisa que importava era avançar. Conseguir informações. Descobrir seus planos. E, talvez, finalmente, recuperar parte da vida que ele me tirou.

O passado estava chamando. E eu estava pronta para atender.

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