VICTOR
Eles acham que venceram.
Acreditam, na ignorância dos felizes, que a justiça e a verdade são muralhas intransponíveis. Que basta amar o suficiente pra se proteger do que rasteja nas sombras. Eduardo... sempre foi um tolo com diploma. Um herdeiro mimado que acreditou que podia apagar o passado com papelada e sorrisos de família.
Mas o mundo... o mundo real não perdoa inocentes. Ele se alimenta deles.
Hoje, recebi a visita de um velho conhecido. Alguém que já enterrou corpos sem nome em terrenos esquecidos, alguém que foi moldado nas entranhas da podridão onde a moral não respira. Um fantasma de terno barato e olhos opacos, que carrega nas mãos o tipo de silêncio que ninguém ousa questionar.
— Quero informações sobre a mulher dele — disse, jogando a foto de Sofia sobre a mesa enferrujada.
Ele a olhou como quem analisa um alvo, não uma pessoa. Sem expressão. Sem alma.
— Fotos? Endereço? Rotina? Hábitos? Medos? — murmurou. Sua voz era só um sopro, como vento num cemitério.
— Tudo.