Ele foi criado para a violência. Ela foi vendida para a submissão. Mas o destino os fez transgredir todas as regras. Tank sempre soube que amor era fraqueza, isso até seus olhos cruzarem com os de Dália. A única mulher que ele jamais poderia ter. Esposa do seu próprio pai. A jovem que foi forçada a carregar um sobrenome que não escolheu. Entre sombras e silêncios, eles viveram um romance proibido, condenado antes mesmo de começar, ardente como as chamas que queimavam no peito do mafioso. Quando Russo é assassinado, Dália finalmente conquista a liberdade que nunca teve. Pela primeira vez em sua vida, ela pode respirar, sonhar, viver. E não pretende mais ser a sombra de um homem, nem mesmo de Tank. Mas o desejo que os une é mais forte do que as correntes que os separaram. E Tank precisa enfrentar um dilema brutal, deixar Dália partir ou lutar contra os próprios demônios para merecê-la. No mundo da máfia, amor e morte caminham lado a lado. E quando a obsessão fala mais alto que a razão, a única certeza é que ninguém sai ileso. Nem mesmo as flores.
Leer másUm raio de sol entrava por uma pequena fresta aberta da janela, a casa de madeira era escura e o cheiro estranho, mas o brilho que entrava potente a encantou. Partículas de poeira dançavam na luz enquanto o corpo de Dállia se movia com o impulso do corpo velho sobre o dela.
Os sons eram estranhos, bizarros, mas ela se focou na luz, no tímido raio solar e na poeira dançante. Já estava acostumada com a dor, a maioria das vezes nem incomodava mais. Foi virada de bruços sobre a mesa, a toalha branca ficou enrolada sob o seu corpo, os movimentos continuaram, firmes, violentos e acompanhados daqueles ruídos animalescos. E foi exatamente nesse minuto que tudo mudou. Quando Dállia foi virada sobre a mesa ela lamentou que não pudesse mais olhar para a luz e foi na escuridão que seus olhos cruzaram com os de Tank pela primeira vez. Ele estava ali, parado, olhando para ela como se visse um animal ser abatido. Uma mistura de desprezo e pena que a fez fechar os olhos, segurou mais firme na borda da mesa o coração acelerou, não por estar ali, aprisionada a um mundo que ela desconhecia, mas pelo que sentiu com a força daqueles olhos. A camisa aberta, uma tatuagem que ela não conseguiu identificar e uma cicatriz que o deixava ainda mais bonito. Abriu os olhos quando o grunhido mais forte soou atrás dela e o peso se afastou. Mas Tank, também já não estava lá. — Guarda as suas coisas e prepara o almoço. Russo ordenou antes que ela conseguisse apoiar o peso do corpo nos próprios braços. Desceu da mesa, retirou a toalha que havia ficado amassada e molhada com os líquidos que saíram dele, levou o tecido até a lavanderia enquanto arrumava a própria roupa no corpo. Estava casada há três horas e uma missão, descobrir onde ficavam as panelas, preparar o almoço perfeito. O marido voltaria com fome e ela conhecia o preço da desobediência. Tinha acabado de ser vendida pelo primeiro marido. Deu risada de si mesma, já estava no segundo casamento. — Devo ser uma péssima esposa. Pensou ironizando a situação, ainda era muito jovem quando foi vendida para o seu pior pesadelo, mas depois dele, vieram outros até que por fim, terminou como objeto de uso particular. Ela gostava disso, ser um objeto de uso particular é muito melhor do que ser oferecida ao coletivo. E isso Dállia podia garantir. Abaixou-se para procurar panelas e sentiu o líquido viscoso escorrer. Aquela era sempre a pior parte. Detestava a sensação. Respirou fundo tentando ignorar as reclamações do próprio corpo e de repente foi chutada para o meio da sala. O impacto da sola do pé de Russo em seu braço a fez gritar, mas quando caiu chorando e ergueu os olhos, Tank estava lá outra vez. Os olhos sem nenhum sentimento, a camisa de botões agora estava fechada e ao seu lado uma menina linda com os cabelos sedosos e um vestido rosado que a fazia parecer saída de um conto de fadas. Imaginou que aquela fosse Amara e o homem ao seu lado devia ser Theodoro. Russo falou dos filhos quando ainda estavam no carro, ela se lembrava dos nomes, mas talvez por não conseguir pensar direito achou que ainda fossem crianças. — Vai cuidar dos meus filhos, o Theodoro é um garoto difícil, ninguém entra no quarto dele. Pega as roupas do cesto e deixa em cima da mesa que ele se vira. A minha Amara estuda o dia inteiro, então precisa de tudo arrumado para quando ela chegar. Dállia havia apenas balançado a cabeça concordando com as ordens, não existia espaço para discordar, na verdade estava confirmando que tinha entendido. Mas enquanto o marido a erguia do chão pelo braço, tudo o que ela conseguia ver era o quanto os irmãos eram bonitos. — Essa é a nova mãe de vocês! Olhou para Tank, como se o fato de ele não ser uma criança desse a ela alguma esperança. Não queria fugir, nem ser mandada embora, já havia entendido que em nenhum lugar o destino seria melhor com ela. Algumas pessoas não têm direitos, não são humanas o bastante para isso, ainda assim, pensou que talvez Tank dissesse ao pai que não aceitaria que Russo a tratasse daquela forma, ou apenas que exigisse que ele a levasse para o quarto. Não aconteceu, Tank virou as costas para o pai e para ela sem responder uma única palavra, o braço em torno das costas da irmã, a camisa com a manga levemente erguida permitiu que ela pudesse ler a frase que estava ali. O inferno me aguarda, você me mantém Amara Naquele momento ela não entendeu o que Tank queria dizer com aquilo, mas cada gesto dele deixava claro que o amor que sentia pela irmã era maior do que o que tinha por si mesmo. E isso, não precisava estar escrito na pele dele, seria óbvio para qualquer pessoa. Sentiu inveja de Amara, a menina tinha algo que ela jamais teria. Uma família. Enquanto Tank seria capaz de morrer pela irmã, Dállia nunca teve ninguém que quisesse viver por ela. Ainda se lembrava de como se tornou o que era, do dia em que perdeu a sua humanidade. Perdeu não! O dia em que a sua humanidade foi vendida. A tia disse que um moço a levaria para passear e que ela deveria ser educada e obediente. Para uma criança de dez anos que nunca tinha sido levada para passear. Aquilo parecia um sonho! E por algumas horas, Dállia se divertiu, andou de mãos dadas com aquele senhor no shopping, agradeceu pelas roupas que ele comprou. Tomaram sorvete e ele a deixou brincar no parquinho do shopping. Foi a primeira vez! As luzes eram tão bonitas, as músicas, amou a piscina de bolinhas. Aquela foi a primeira vez que se divertiu, e a primeira que um homem se divertiu com elaNão era para ter acontecido daquela forma, mas a lua de mel de Tank se transformou em uma confusão enorme.Na manhã seguinte, Susan foi buscar a menina para tomarem o desjejum e quando encontrou a carta correu para o quarto do filho.Tank ainda estava sonolento, tinha acabado de dormir, passou a noite inteira fazendo o tipo de exercício que gostava.Abriu a porta pensando que Tanner estava reclamando o seu mingau de frutas, por sorte ele havia colocado na mala duas latas da aveia que o garotinho gostava.— Eu tenho, mãe.— Filho, a Anne sumiu.— Sumiu?!? Tipo, você não acha ela ou tipo ela não está aqui?Susan entregou a carta e Tank colocou a mão na cabeça, segurou o próprio cabelo. Pensando que agora ele estava morto.Voltou para dentro do quarto já gritando pela esposa, arrancou a toalha que estava enrolada na cintura e colocou a calça sem colocar a cueca.Susan desceu o olho e encontrou outra coisa que Tank havia puxado do pai.Dállia com certeza estava passando bem.Tank também nã
O universo e suas brincadeiras costumam fazer com que algumas pessoas tomem decisões baseadas no desejo. Foi assim com Ed que sempre achou incrível ouvir as histórias de como era o antigo trabalho do pai no FBI.Já outras escolhem com base em uma suposta racionalidade, o medo dos sentimentos costuma ser um conselheiro tão ruim quanto o desejo cru. Esse foi o caso de Anne quando escolheu ir embora daquele hotel.Arrumou as coisas de qualquer forma, tinha tentado ligar para Noah várias e várias vezes. Ele não atendeu, havia destruído o aparelho em um ataque de raiva e desespero.Ela estava com um pequeno anel que nunca usou, mas que guardava com ela como se fosse a coisa mais valiosa do mundo.Colocou no dedo, segurou a própria mão com os olhos fechados.— Eu te amo, Noah.Suspirou antes de terminar de arrumar as malas, deixou o celular de Tank sobre a cama arrumada. Levou apenas as roupas, sabia que não poderia usar o cartão do banco, seria encontrada e precisava sumir.Tinha algum din
Lis havia entrado no quarto do filho segurando um papel rasgado meio de qualquer jeito. Noah estava ali há horas, procurando, rastreando, anotando.O coração apertado no peito, já tinha se perdido várias e várias vezes naquilo que ele era um dos melhores em fazer, mas não parou, não podia parar.Anne não se casaria, mesmo se tivesse que matar cada homem do México, ela não se casaria.Ele ouviu quando a mãe chamou, mas ainda não estava pronto para falar com ela.Não sem falar algo que a ferisse e só de imaginar ver Lis machucada isso o destruía. Ela não tinha o colocado no mundo, não como as mães biológicas faziam, mas foi a mãe mais companheira que alguém poderia desejar.— Fedido, estou falando com você, bebê.— Estou ocupado, mãe.— Eu sei filhote de nerd, mas nem sempre a resposta está em uma tela.Lis puxou uma cadeira e colocou ao lado da que o filho estava.— Quando eu encontrei uma camisinha na sua calça eu quase infartei, sabia? Comecei a te vigiar, estava morrendo de medo de
Endi estacionou e olhou por um tempo antes de entrar.O FBI Academy, em Quantico, Virgínia, era um edifício impressionante.Salas espelhadas, câmeras estratégicas, seguranças armados com fuzis táticos e identidades checadas a cada passo.Lembrou de Sombra, o pai de Endi havia conhecido aquele lugar da pior forma. Como prisioneiro.Era dia de formatura. O saguão do auditório principal estava decorado com faixas, bandeiras e flores.Autoridades circulavam de um lado para o outro, cumprimentando familiares, e os novos agentes estavam enfileirados com os uniformes alinhados, postura impecável e a força de quem foi lapidado com fogo.Mas entre os nomes convidados, Endi apesar de não constar nos registros digitais atravessou os portões.No bolso, o crachá provisório indicavaEmpresário do Setor de Segurança Privada.Ninguém questionou.Nem sequer era uma mentira, o capo era dono das duas maiores empresas de transporte de valores dos Estados Unidos, ironicamente, as únicas que jamais foram a
Endi passou na casa de um dos aliados, ou talvez não devesse chamar daquela forma, mas o fato era que Jordan era protegido de Sombra e a esposa dele uma das pessoas mais divertidas que o capo conhecia.O pai do capo acreditava ter deixado o casal escondido o bastante para que vivessem em paz, já ele gostava de resolver as coisas sem deixar nada no passado que pudesse atormentar o futuro.A primeira vez que foi aquela casa deveria ter sido rápido, pretendia incendiar o lugar com o casal dentro, mas quando olhou pela janela, Débora estava lutando sozinha para colocar o marido na cama.Jordan tinha se tornado cadeirante após um confronto que ele mesmo havia procurado com a organização.Débi colocou o marido na cama. O corpo dele era pesado demais para os braços dela, mas a mulher parecia fazer aquilo com tanto cuidado que Endi continuou olhando.Deby estava suada o maxilar travado pelo esforço, ajeitou os travesseiros, puxou a coberta até o peito do homem e tirou a cadeira de rodas do ca
No mundo as coisas acontecem ao mesmo tempo, a felicidade não espera que nada termine para que ela comece e o inverso é proporcionalmente verdadeiro.E enquanto Tank e Dállia viviam suas lutas, batalhas e finalmente o amor.No Texas... Endi resolvia alguns problemas com o que ele realmente gostava de fazer.Rafael Treviño havia sido criado por ele. Não no sentido biológico, mas o capo americano havia erguido Miguel para liderar um bando brutal, exatamente o tipo de homem que a máfia precisa, alguém sem coração e capaz de fazer qualquer coisa.Tudo teria ficado bem, se o filho do chefe de cartel mexicano não tivesse ousado entrar dentro da casa de Endi e propor um casamento arranjado com a sua irmã.Então... Infelizmente, apesar de ter uma viagem marcada, o capo precisou fazer uma visita aos mexicanos.O rancho dos Treviño ficava no deserto de Coahuila, protegido por muros altos, homens armados, cães treinados e câmeras em cada canto.Um quartel general forjado pelo ódio que aqueles ho
Último capítulo