119: Escudo de Amor

EDUARDO

Enquanto a pasta era levada — como se cada folha ali dentro carregasse uma parte do meu passado que eu queria enterrar —, sentei ao lado de Sofia no carro. O motor desligado, o silêncio do interior abafava até os sons da rua, mas dentro de mim tudo gritava. As memórias, as escolhas, as culpas. Tudo pulsava com força, como um coração fora do compasso.

Respirei fundo, olhando pra frente, mas sentindo o calor dela ao meu lado. E mesmo assim, duvidei. Não dela. De mim.

— Eu não queria que você visse esse lado meu — soltei, a voz rouca, quase falhando. — O lado que joga no limite, que conhece as sombras e aprendeu a sobreviver nelas. O lado que carrega segredos que fedem a traição, a podridão, ao que sobrou da minha família. Mas agora que viu... ainda tá aqui.

Virei o rosto devagar. Ela já me encarava. O olhar dela era firme, profundo, como se pudesse atravessar cada camada da minha alma, descer até o que eu escondia até de mim mesmo… e ainda assim não recuar.

— Eu não quero o home
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