POV Isadora Ferraz
O som da porta se fechando atrás de mim parecia um caixão lacrado.
O corredor dos bastidores ficou pequeno. O ar rarefeito.
Dante não me seguiu. E eu não o culpei.
Não depois da covardia que precisei cometer.
Saí do auditório.
Lá fora, o mundo era um borrão de flashes, buzinas e caos.
Mas nada foi mais barulhento do que o silêncio quando eu o vi.
Heitor.
Encostado no capô de um carro preto, terno sob medida, braços cruzados, sorrisinho torto no canto da boca.
Como um vilão satisfeito com a própria performance.
— Até que enfim, né, princesa?
Ignorei. Tentei passar direto.
— Sem beijo? Depois do showzinho? Achei que merecia ao menos um “obrigada por salvar sua carreira”.
Parei. Fechei os olhos por um segundo.
Respirar.
— O que você quer, Heitor?
Ele se afastou do carro e veio andando devagar, como quem desfila a própria arrogância.
— Quero te parabenizar. Você aprendeu, afinal. A calar quando deve. A obedecer quando precisa.
— Eu não obedeci. Eu me protegi.
Ele riu.
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