POV Isadora FerrazSete anos de casamento. Sete anos de silêncios longos, promessas vazias e beijos que mais pareciam selos funerários.A visita de Célia, minha sogra, não foi inesperada, mas ainda assim carregava o peso de um ultimato. Como sempre, ela entrou sem pedir, como quem invade, não visita.— Trinta dias — disse, pousando a bolsa com violência calculada sobre a mesa. — Ou você engravida, ou vamos providenciar seu divórcio. Meu filho precisa de um herdeiro. Essa história de esperar está durando demais.Eu não respondi. Engoli a saliva como quem engole uma faca. Senti meu estômago virar chumbo, mas minha expressão permaneceu intacta. Era meu único escudo.Quando ela foi embora, me sentei à beira da cama e encarei meu reflexo no espelho. A mulher ali parecia só um fantasma arrumado — bem penteado, bem vestido, bem calado.Naquela noite, me arrumei como fazia nos nossos primeiros encontros. Vestido justo, maquiagem sutil, perfume de baunilha. Cozinhei o prato preferido de Heitor,
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