POV Isadora Ferraz
O quarto era grande. Frio. Decorado demais pra alguém que só queria paz. Eu sentei na beirada da cama, ainda com os sapatos nos pés. Olhei pro espelho do guarda-roupa como quem tenta encontrar a mulher que sumiu nas últimas vinte e quatro horas.
O celular vibrou no bolso do casaco.
Olívia.
Engoli o choro antes de atender.
— Oi.
— Isadora. Que porra foi aquela?
A voz dela estava baixa, mas afiada. Não era raiva. Era dor.
— Eu não posso explicar, Oli.
— Eu tô vendo a tua cara em todos os portais de notícia, Isa. “Escritora perdoa marido e encerra guerra pública”. É isso mesmo?
Silêncio.
— Você voltou pra ele?
— Eu… voltei para proteger você.
Ela travou do outro lado.
— Como assim?
— Eu recebi um áudio. Uma ameaça. Tinham informações sobre o seu trabalho. Seus processos. Conversas que poderiam ser distorcidas. Queriam te destruir, Oli. E destruir o Dante também. Então eu... precisei recuar. Calar. Fingir.
— Você se jogou de novo na cova por nossa causa?
— Eu escolhi. Ni