POV Isadora Ferraz
Acordei com o sol escorrendo pelas cortinas cinzas do apartamento. O calor morno no rosto, o barulho abafado da cidade lá fora… e o peito… leve. Pela primeira vez em semanas, dormi sem trancar a porta. Sem medo de acordar com alguém parado me olhando. Sem fingimento. Sem véu.
Abri os olhos devagar. Dante dormia ao meu lado.
Deitado de lado, braço esticado sob o travesseiro, boca entreaberta, o peito subindo devagar com a respiração pesada de quem, por um milagre, também descansou. Havia um vinco entre as sobrancelhas, como se ele sonhasse com algo sério demais pra deixar ir. O lençol estava amassado na cintura. O corpo nu, bronzeado, coberto de cicatrizes leves, detalhes que eu nunca tinha visto antes. Ele era caos. Mas um caos que combinava com o meu.
Afaguei devagar a linha do maxilar dele com a ponta dos dedos. E ele não acordou. Só virou o rosto, como se seguisse meu toque mesmo dormindo.
Me aninhei mais perto. Cabeça no peito dele. E fiquei ali por um tempo que