Patrícia passou a noite em claro.O dinheiro dentro do envelope permanecia intocado sobre a mesa da sala, como se fosse um objeto contaminado. Cinquenta mil reais. Uma quantia absurda para alguém que, até poucos dias antes, se preocupava em equilibrar planilhas e pagar contas em dia. Não era ajuda. Era silêncio comprado.Ela caminhava de um lado para o outro, abraçando o próprio corpo, sentindo o peso da solidão se acomodar nos ombros. Rafael não voltara. Não mandara mensagem. A casa parecia maior, fria, estranha demais para continuar sendo chamada de lar.Na manhã seguinte, Patrícia tomou uma decisão simples, mas necessária: precisava sair dali. Precisava respirar. Pensar longe daquelas paredes que agora guardavam ecos de abandono, medo e perguntas sem resposta.Vestiu uma roupa confortável, prendeu os cabelos de qualquer jeito e saiu caminhando sem destino definido. Veláris estava viva como sempre. Pessoas apressadas, cafés abrindo as portas, buzinas, passos, conversas atravessadas.
Leer más