Patrícia passou a noite acordada.
O apartamento estava silencioso demais, como se até as paredes esperassem algo acontecer. Ela se revirava na cama, incapaz de dormir, com a mente girando em círculos. Cada palavra dita por Enzo, cada expressão no rosto dele ao descobrir a verdade, voltava como um filme sem pausa.
Eu preciso de um tempo.
A frase doía mais do que ela gostaria de admitir. Não porque fosse injusta, mas porque trazia a realidade nua: mesmo com promessas, mesmo com proteção, ela ainda estava sozinha naquela madrugada.
Levantou-se devagar e foi até a cozinha. Preparou um chá morno, sentou-se à mesa e ficou observando a própria sombra projetada na parede. Levou a mão à barriga, respirando fundo. O bebê estava ali. Real. Dependendo dela. E isso mudava tudo.
— Nós vamos ficar bem — murmurou, como um juramento.
Mas, no fundo, o medo sussurrava mais alto.
Na manhã seguinte, Patrícia acordou com o celular vibrando insistentemente. Número desconhecido. O coração acelerou antes mesm