Arianna ainda tremia por dentro.O coração batia tão rápido que ela sentia nas têmporas, mas a voz saía firme, quase doce, cantando a cantiga que a mãe dela cantava quando tinha pesadelo: “Boi, boi, boi, boi da cara preta… pega essa menina que tem medo de careta…”Ava, sentada no trocador improvisado em cima da cômoda, olhava fascinada para o ursinho de pelúcia surrado que Arianna tirara da mala. Jogava o bichinho para o alto, ria quando caía, pegava de novo. Era o mesmo urso que dormia com ela desde os sete anos, com um olho remendado e o laço desbotado. Arianna nunca imaginou que, no primeiro dia de trabalho, ele seria o herói da noite.Fralda trocada, cheirinho de talco no ar, choro zerado.Milagre.Ela pegou Ava no colo, beijou a testa quente e saiu pelo corredor. Quando chegou na sala de jantar, David parou no meio da frase. Os olhos verdes dele – meu Deus, que olhos – se fixaram nas duas como se não acreditasse no que via.— Onde fica o quarto dela? — Arianna perguntou, abrindo
Ler mais