Cayo Eu sou Cayo. 24 anos, carioca da gema, criado na quebrada, com o sol torrando a nuca e o cheiro de asfalto quente grudado na pele. Minha vida é uma correria do caralho. De dia, sou motoboy, voando pela cidade com minha Yamaha 250, desviando de ônibus lotado e de playboy que acha que a rua é dele. De noite, sou pai do Zyon, meu moleque de quatro anos, que é a única coisa que me faz querer ser mais do que um cara qualquer. E, às vezes, sou só eu, com os manos, um beck na mão e a cabeça cheia de ideia. Acordo agora com o celular berrando um rock pesado daqueles que a vizinhança inteira deve odiar. São sete da manhã, e o calor já tá de rachar. O quarto é pequeno, parede descascando, um ventilador velho girando preguiçoso no canto. Minha cama é um colchão no chão, mas tem um lençol limpo que a dona Maria, minha mãe, insiste em trocar toda semana. Levanto, coço a barba que tá crescendo desleixada, e olho pro espelho rachado pendurado na parede. Cabelo castanho escuro bagunçado, olho
Ler mais