Cayo
A semana foi uma correria do caralho. Depois de voltar de Angra, com o Zyon doente e a Gabi me enchendo o saco, eu mergulhei no trampo como se minha vida dependesse disso. E, na real, dependia mesmo. Ser motoboy no Rio é tipo correr uma maratona todo dia, só que com o sol torrando a nuca, no trânsito o povo te xingando e o celular apitando com pedido atrás de pedido.
Entreguei de tudo: documento no Centro, almoço em Copacabana, remédio em Botafogo, até um bolo de aniversário em Ipanema pra uma festa de criança cheia de balão e palhaço. O ronco da minha moto era meu parceiro, e o vento na cara era a única coisa que me mantinha são.
O Zyon, graças a Deus, melhorou. Na segunda à noite, quando passei na casa da Gabi pra ver ele, o moleque tava rindo, correndo pela sala com uma bola de futebol que eu comprei na promoção. Ele veio correndo, me abraçou com aquelas mãozinhas suadas e gritou:
— Pai, tu é o melhor pai do mundo! Olha como eu chuto forte!
Eu ri, baguncei o cabelo dele e me