Dante O céu parecia conspirar com o luto — cinzento, pesado, quase hostil. O vento cortava o ar como se quisesse arrancar da pele qualquer sensação que lembrasse calor. E ali estava eu, Dante Harrington, enterrando o homem que me ensinou tudo o que eu nunca quis aprender. A terra estava úmida, o chão afundava sob os sapatos caros que ele me obrigou a usar desde criança. Ao redor, rostos conhecidos. Alguns sinceramente tristes, outros apenas cumprindo um papel social. Negociadores, velhos amigos, bajuladores de sempre. Todos vestidos de preto, como se a cor disfarçasse a hipocrisia. Meu pai era admirado, temido, respeitado — mas amado? Poucos poderiam dizer isso sem mentir. Eu observava o caixão descer com uma calma que me soava quase ofensiva. As pessoas esperam que um filho chore. Que desabe, que demonstre dor. Mas a verdade é que, quando alguém morre aos poucos diante de você, todos os dias por anos, o funeral é apenas o ponto final de uma frase que já terminou há muito tem
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