A noite já se arrastava para o fim quando Isadora, radiante, se levantou da mesa, ajeitou o cabelo com uma elegância despreocupada e caminhou até o pequeno palco montado no salão. Um murmúrio de expectativa percorreu os convidados, e Úrsula, agora sozinha à mesa com Luiz, cruzou as pernas com tranquilidade, o observando. Ela inclinou-se um pouco na direção de Luiz, sua voz baixa, rouca, carregada de ironia: — O garotinho pobre com a esposa rica… — ela deixou a frase no ar, saboreando a provocação, observando o modo como ele tentava manter a compostura, mas os dedos batiam no tampo da mesa, impacientes. — É algo novo pra mim, sabia? Me surpreende você ainda ter coragem de ser infiel. O que você tem sem ela, Luiz? Ele fechou os olhos por um segundo, os dentes cerrados, como se as palavras dela fossem um soco na boca do estômago. Quando abriu os olhos, havia raiva ali, misturada com uma pontada de algo mais: medo, talvez? Úrsula deu um sorriso quase inocente, um brilho de escárnio no
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