Úrsula saiu da sala de reuniões como uma tempestade elegante. O salto ressoando pelo corredor soava como um anúncio, um sinal de que ela estava ali e não pretendia sair tão cedo. Sabia que os cochichos começariam assim que passasse da porta, perfeitos para alimentar o próprio fogo.
Eles falariam mal dela pela última quinzena inteira, e Úrsula adorava isso.
Sentia os olhares grudarem na pele como pequenos espinhos. Mas ela andava como quem flutua, os ombros erguidos, o sorriso discreto, como se aquele lugar fosse o palco perfeito para sua performance.
Foi abordada no corredor por uma mulher rígida, de cabelos castanhos escuros tão bem presos que pareciam apertar o próprio crânio. O tailleur era engomado, sem um vinco fora do lugar, a maquiagem discreta demais, o olhar carregado demais. Para Úrsula, parecia alguém que vestia a tensão como segunda pele.
Faltava-lhe algo... talvez carisma, talvez sensualidade.
Ou quem sabe... uma vida.
A mulher se aproximou, os saltos mais contidos,