KAELEN O sol começava a se pôr sobre Nova Iorque, tingindo os arranha-céus de tons alaranjados e púrpuras que, admito secretamente, possuíam uma beleza primitiva que nosso mundo natal nunca tivera. Fiquei de pé diante da janela panorâmica do meu escritório, as mãos entrelaçadas nas costas, o corpo imóvel, mas a mente um turbilhão. Horas se passaram desde que eu me trancara aqui, mergulhado em dados genéticos, relatórios de fertilidade e projeções demográficas desoladoras. Todas as estradas levavam ao mesmo destino: o declínio inexorável.A frustração era um gosto amargo e familiar na minha boca. Tantos recursos, tanto intelecto, e ainda assim falhávamos no mais básico: perpetuar nossa própria existência. E, no meio desse deserto de más notícias, um pensamento insistente, como um eco distante, teimava em surgir: Maya Collins.Por quê? A pergunta martelava na minha cabeça com a persistência de um vazamento. Por que aquela humana, entre bilhões, se infiltrara em meus pensamentos? Ela er
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