A Viagem e a Chegada

POV Felipe

Eu sabia que algo não estava certo. O pressentimento me corroía desde o momento em que Liandra me enviou a primeira mensagem. Como ela deixou isso acontecer? Minha guerreira mais leal, a mais bem treinada… e ainda assim Alice fora drogada dentro de uma boate imunda. Liandra teria de se explicar.

Meu peito queimava. Não por raiva dela mas por mim. Pela falha que jamais admitiria.

Zurkn não me deixava respirar em paz.

— Você a machucou. — seu rosnado ecoava em minha mente.

— Eu não a machuquei, ela está protegida. Está no hospital agora — retruquei, tentando manter a calma.

— Não estávamos lá para protegê-la. Isso será sua culpa.

Cerrei os punhos. Precisei erguer barreiras mentais para bloquear meu lobo, porque se o deixasse falar, eu perderia a razão. Zurkn não queria negociar. Zurkn queria correr até Alice, deitar-se ao lado dela e jamais deixá-la sozinha outra vez.

E isso… eu não podia permitir.

A segunda mensagem de Liandra chegou.

“Alfa, Alice está estável. Passará a noite no hospital. Responsáveis identificados: Andreas Bitchow / Cristian Márko.”

Meus olhos ficaram vermelhos de ódio. Drogas? Humanos imundos ousaram tocar no que era meu?

— Arrume o jatinho. — Minha voz saiu baixa, mas gelada. — Preciso ir a Phoenix com urgência.

— Alfa, temos seu almoço com a família do alfa Augusto. Não seria… — começou André, cauteloso.

— Desmarque. — interrompi, seco.

Ele respirou fundo. — Alfa, eu posso ir em seu lugar. Só me diga o que precisa e estará feito.

— Preciso do jatinho pronto agora. Informe Augusto que não poderei comparecer. Chegarei à noite.

Meu tom não deixou espaço para questionamentos.

Quando o piloto anunciou o pouso, eu já estava em outro estado. Baunilha e chuva de verão… esse era o cheiro que se impregnava em minha memória desde o primeiro instante em que a encontrei. O aroma da minha perdição. Não havia mantra, disciplina ou racionalidade capaz de apagar isso.

Na pista, meus homens se aproximaram para abrir a porta do carro que me aguardava, mas ergui a mão.

— Quero as chaves. — Disse, estendendo a palma.

Eles se entreolharam, hesitantes. Gama Carlos deu um passo à frente. — Alfa, temos que ir juntos. Sua segurança…

Levantei apenas o olhar, e foi o bastante. Carlos engoliu em seco, entendendo a ordem.

— Encontre-me em uma hora. Com os meus convidados. — deixei claro, e ninguém ousou contestar.

Entrei no carro sozinho e arranquei em direção ao hospital. Não adiantava fingir para mim mesmo: eu precisava vê-la. Precisava sentir aquele cheiro outra vez, precisava me convencer de que ela estava viva e bem. Talvez, só assim, Zurkn se acalmasse.

Mas, no fundo, eu sabia. Não era o meu lobo que ansiava por Alice. Era eu.

Terceira pessoa – Phoenix

Felipe entrou no hospital como um raio silencioso, a presença imponente que obrigava cada funcionário a desviar os olhos. Por fora, parecia estoico, inquebrável, mas quem o olhasse de perto veria: seus olhos verdes cintilavam em tons de vermelho, a fúria e a luta interna de um alfa contra o próprio destino.

No quarto, Alice dormia. Seu corpo ainda se recuperava, mas a pele tinha voltado à cor saudável, o peito subia e descia num ritmo tranquilo. Liandra a observava com atenção, mas seus instintos captaram o cheiro antes mesmo de pensar.

Ele estava ali.

Felipe.

A guerreira caminhou até o corredor, mas nada encontrou além do vazio. Apenas o cheiro pesado de poder alfa e…

Liandra apertou os lábios. Não precisava vê-lo para saber: seu alfa havia chegado. Esse momento ela não pensava que chegaria tão rápido.

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