AmaraAcordei com ausência. Não a do silêncio, mas a dele. O relógio passava das nove e a cobertura andava em bicos de pé, como se alguém tivesse mandado diminuir o volume do mundo. Coloquei a cabeça para fora do quarto.— Damian? — chamei. Nada.Vesti algo simples e saí. A funcionária na cozinha abaixou os olhos.— Damian… Ele saiu?— Não tenho essa informação.Frase treinada. Agradeci e segui. Na varanda, a cidade brilhava, inocente. O celular vibrou, Lara: — “Você está bem?” Digitei:— “Estou”, — apaguei. Eu não estava.Quando voltei, vi Victor atravessando o hall com uma pasta escura e um segurança desconhecido. Andavam rápido, tentando não parecer urgentes. Segui-os à distância. Eles entraram por um corredor pouco usado, que termina numa porta lisa, apenas um leitor discreto.Colei na parede quando o segurança olhou para trás. Victor encostou um cartão, a porta abriu, e os dois sumiram. A luz acima piscou uma vez e ficou firme. Toquei a fresta: ar frio, industrial. Empurrei um
Leer más