Entrei no carro antes que tivesse tempo de pensar melhor. Russ segurava a porta aberta, o gesto simples, quase cortês, mas havia algo nele que me fazia sentir que cada movimento tinha um peso oculto. — Eu prometo manter distância — disse, a voz firme, como se estivesse me oferecendo uma garantia. Para meu próprio desapontamento, apenas assenti, fingindo que era exatamente isso que eu queria. Quando, na verdade, era o oposto. Uma parte de mim ansiava por essa distância, pela segurança que ela traria. Mas outra, mais forte, queimava em silêncio, implorando pelo risco. Fechei a porta, e o carro foi tomado por um silêncio denso, quase sufocante. Nenhuma música, nenhuma palavra. Apenas a respiração dele, o som grave do motor, e meus pensamentos em desordem. Então, a primeira gota bateu no vidro. Logo outras a seguiram, rápidas, até que a chuva engrossou, tamborilando contra o teto, preenchendo o vazio com sua melodia urgente. Observei a água escorrer pelo vidro como se fosse um
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