Subi para o meu quarto devagar, o calor do jantar e a lembrança do rio ainda queimando na pele. Fechei a porta e me encostei nela, tentando organizar os pensamentos, mas eles se recusavam a se acalmar. Olhei para a janela, a noite escura envolvendo o rancho, e comecei a me perguntar sobre ele… sobre nós. Será que aquilo que ele fazia, o jeito como se continha, eram limites que ele impunha por causa da diferença entre nós? Por causa da minha simplicidade e da vida que ele leva na capital, com riqueza, poder e expectativas? Talvez ele estivesse lutando contra algo que não queria admitir nem para si mesmo — o desejo que sente, mas que sabe ser complicado, quase impossível, por conta do mundo que nos separa. E eu me perguntei se, de alguma forma, esses limites eram uma forma de proteger-me, ou talvez a si mesmo, de se entregar demais. Sentei-me na beira da cama, puxando os joelhos para o peito. O desejo ainda queimava dentro de mim, e cada lembrança do toque dele, da urgência e da entr
Ler mais