Passaram-se alguns dias e eu evitava Antônio Marco sempre que podia. Não sabia lidar com aquilo que crescera entre nós. Parecia confuso, um labirinto sem saída. Apesar de ele ter o olhar de um predador e eu me sentir a presa, vinha me esquivando, tentando manter uma barreira. Ele devia me achar uma completa idiota — fui atrás dele e agora fujo.
No final da tarde, quase noite, decidi ir até o rio. Precisava refrescar o corpo e a mente, afogar os pensamentos que insistiam em me perseguir. Mas, ao chegar, percebi que ele já estava lá. Sentado à beira da água, lançava pedras contra a superfície tranquila, como se tentasse medir sua paciência pelo tempo em que as ondas demoravam a sumir.
Por um instante pensei em recuar, mas seria covardia. Então amarrei o cavalo em uma árvore próxima e caminhei até ele. Sentei-me ao seu lado, abraçando as pernas, o silêncio denso nos envolvendo.
— Veio pensar? — arrisquei.
— Sim. — Respondeu seco, sem me olhar.
— Não vai entrar?
— Vim com essa inten