Com as mãos firmes, mesmo que trêmulas, puxei a sela e comecei a ajeitá-la sobre o dorso de Max. O couro pesava, mas a raiva pesava ainda mais. Antônio se aproximou, mas mantive meus olhos no cavalo, como se o ignorar fosse minha única defesa.
— Aurora… não faz isso. — A voz dele saiu quase como um pedido.
Soltei um riso curto, sem humor. — Não fazer o quê? Montar no meu cavalo e sair daqui antes que eu perca completamente a cabeça?
Ele deu um passo à frente, e eu levantei o olhar, cortante.
— Me responde uma coisa, Antônio. — Minha voz estava firme, mas meu coração batia como um tambor no peito. — A voz feminina que eu ouvi no seu apartamento, aquela vez que eu fui até você… era dela?
O silêncio que se seguiu foi a confirmação que eu temia. Vi o rosto dele se contorcer, os lábios tentando formar palavras, mas não havia desculpa capaz de apagar a ferida.
— Eu… — ele começou, hesitante. — Sim. Mas não como você está pensando. Eu não a chamei, foi meu pai quem…
— Chega, A