Antônio Marco Os dias eram um borrão de reuniões, números e cobranças. O som do telefone nunca cessava, o fluxo de e-mails era interminável, mas nada parecia realmente importar. A empresa atravessava um momento delicado, projetos atrasados, contratos em risco. O pai exigia resultados imediatos, impaciente, como se o peso do mundo pudesse ser carregado sozinho por mim. E, além dos negócios, havia a cobrança que me sufocava ainda mais: o casamento. Helen continuava paciente, mas seus pais não. Exigiam prazos, pressionavam encontros sociais, planos, convites. Queriam datas. — Antônio, já passou da hora. — Dizia meu pai, firme, em mais uma noite de discussão. — Você não vai envergonhar nossa família adiando isso. — Eu já disse que não quero esse casamento. — Repetia, a voz áspera, mas sem força. Meu pai batia na mesa, a autoridade inquebrável. — Vai acontecer, queira você ou não. Eu me levantava, saía, mas as palavras ficavam latejando. Helen, por sua vez, não demonstrava raiva, m
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