Os dias seguintes correram como um sopro. Entre relatórios, rotinas no campo e o vai e vem dos funcionários, havia sempre um espaço que só nós dois conhecíamos — um olhar cruzado na distância, um toque rápido ao passar pelo mesmo corredor, um silêncio cúmplice que dizia mais do que qualquer palavra.
Não dissemos nada a ninguém, mas dentro de nós sabíamos: algo já havia se firmado. Não era apenas desejo ou acaso. Era uma promessa, um acordo silencioso que nos unia ainda mais.
Mamãe, porém, não deixava de notar meu jeito arredio. Eu fugia das conversas, inventava desculpas, sempre ocupada demais. Até que uma manhã, enquanto me ajudava na cozinha, ela simplesmente falou:
— Filha, você está diferente. — disse, sem me olhar diretamente, mexendo na massa de pão como quem fala de outra coisa. — E não adianta negar. Eu já vivi o suficiente pra saber quando uma mulher está se perdendo de amor.
Engoli seco, sem coragem de responder.
— Eu só quero que você pense, Aurora. — Sua voz baixou, g