Naquela noite, ao fechar a porta do quarto, precisei conter o impulso de atravessar o corredor e bater no dela. O corpo ainda pulsava, exigindo o que já tinha provado e não queria mais largar. O rio não tinha apagado o fogo — só o havia espalhado pelas veias.
Encostei as costas na madeira fria da porta, tentando respirar fundo. Mas cada lembrança da pele de Aurora colada à minha, do seu corpo se entregando ao meu, me fazia perder o controle de novo. Maldita hora em que resolvemos voltar juntos para casa, ensopados e rindo baixo, como cúmplices de um segredo recém-descoberto.
E, para piorar, havia Dona Helena. A maneira como ela nos olhou, como qu