A noite caiu cedo naquele canto do mundo, cobrindo Tromsø com um manto silencioso e azul. O fiorde refletia apenas alguns pontos de luz vindos da vila, distantes e imóveis, como se até o tempo tivesse parado para escutar o inverno.Madeleine acendeu a luz da sala, regulando a intensidade para algo que lembrasse a luz morna de casa. Ou, ao menos, o que costumava chamar de casa. O novo abajur de cerâmica, comprado no mercado, deixava o ambiente menos impessoal. Ao lado dele, a estufa funcionava com um zumbido quase imperceptível, mantendo vivas algumas ervas e brotos de lavanda.Ela havia passado o dia todo entre esboços e ajustes nos projetos discutidos com Clara. Mesmo assim, ainda sentia que carregava o corpo com mais pensamentos do que energia. Como se a mente tivesse andado demais, e o corpo ficasse atrás, exausto de tentar acompanhar.Sentou-se à mesa da cozinha, onde já estavam o chá, o caderno de couro onde anotava os pensamentos desde que chegara, e uma folha em branco.Escreve
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