O domingo amanheceu nublado, com uma névoa delicada cobrindo o jardim da casa de Sol.Clara desceu ainda de pantufas, abraçada a um cobertor azul-claro. O chá já estava na térmica — Sol tinha saído para correr, como vinha fazendo nas últimas semanas, deixando bilhetes pela casa em vez de palavras ditas.Na mesa da cozinha, um papel dobrado.“Se o dia estiver pesado, deixa ele chover.Eu volto com pão.”– S.”Clara sorriu.Fez seu chá.E caminhou até o ateliê improvisado.No cavalete, uma nova tela secava: uma mulher de olhos fechados, segurando um bilhete entre os dedos.Não se lia o conteúdo, mas a expressão dela dizia tudo: era amor contido e, ao mesmo tempo, entrega.Clara abriu o caderno e escreveu:“Ainda não lembro, mas hoje não pesa.”Por volta das onze da manhã, a campainha tocou.Clara, que desenhava descalça no chão, prendeu os cabelos em um coque rápido e foi atender.Do outro lado, um sorriso conhecido, colorido, irreverente.— Reggie?— Em pessoa, minha musa hospitalar pr
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