Capítulo 37

Noah chegou à galeria de Gus antes do meio-dia.

Era sua folga no hospital — uma terça-feira em que o mundo parecia se mover mais devagar do lado de fora, mas dentro dele ainda era tudo um pouco urgente.

A porta da galeria estava entreaberta, e o sino tilintou com a brisa leve de outono.

Gus apareceu detrás de uma estrutura de madeira, com um pincel numa das mãos e a mesma elegância desalinhada de sempre.

— Achei que era só o vento, mas era você.

— Vim ver a exposição de novo — disse Noah, com um sorriso cansado. — A tela dela não me larga.

Gus colocou o pincel de lado.

— As janelas?

Noah assentiu, olhando para a parede central, onde o quadro de Clara estava pendurado.

Quatro janelas pintadas com silêncio.

Um banco.

Um bilhete voando.

— Ela não explicou a pintura — disse Gus, como quem conta um segredo em voz baixa. — Só deixou aqui, com as mãos ainda sujas de tinta e um olhar que parecia ter acabado de voltar de algum lugar onde a gente nunca foi.

— E os visitantes?

— Alguns param. Fi
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