O mundo não se movia.
  Ou talvez fosse eu quem não conseguia acompanhá-lo. Havia uma estranha lentidão em tudo, como se o ponteiro dos segundos tivesse parado bem no momento em que os olhos de Haruki encontraram os meus.
  Não havia espaço para mais nada. Apenas aquele olhar.
  Eu sentia a pressão das lágrimas que ameaçavam escapar, mas forcei cada músculo do rosto para contê-las. Se chorasse agora, talvez ele se fechasse de vez. Se chorasse agora, talvez fosse como admitir que tudo estava perdido.
  Respirei fundo, tentando puxar ar, mas parecia que o ar não queria entrar. O peito queimava. Cada batida do coração reverberava como um tambor, um som alto demais para caber dentro de mim.
  Meu corpo estava rígido. Ombros tensos, punhos fechados em torno da alça da mochila, como se me agarrar a ela fosse o único jeito de não despencar.
  Eu queria falar. Queria correr até ele, quebrar a distância, mas minhas pernas se recusavam a obedecer. Era como se tivessem raízes, como se o chão tiv