Haruki
Os dias que se seguiram à ligação de Emi pareciam feitos de névoa.
O som do vento batendo contra as cortinas da sala soava mais alto do que o normal, como se o mundo inteiro quisesse me lembrar de que algo estava prestes a acontecer.
Desde que desliguei o telefone, venho tentando encontrar um ponto fixo no meio desse turbilhão de lembranças e medo.
O telefone repousa sobre a mesa baixa, imóvel, e mesmo assim parece que me observa. Às vezes penso que ele pode ouvir meus pensamentos, sentir minha indecisão, o frio constante que se instala em mim toda vez que lembro das palavras dela.
"Eles querem te ver… por favor, Haruki, só uma vez."
A voz de Emi ecoa dentro de mim como uma canção triste que não sei se quero escutar até o fim.
Passei noites inteiras acordado, sentado na varanda da pequena casa, observando as lanternas penduradas no beiral balançando suavemente.
O bairro é tranquilo, cheio de pequenos jardins e o cheiro de chá torrado vindo de alguma casa próxima.
Mas dentro de