Haruki
Por um momento, penso que o universo vai se partir em dois se eu abrir a boca.
Mas ela está ali, e os olhos dela — esses olhos que sempre foram o meu norte — estão marejados, esperando.
Respiro fundo.
O som do ar entrando e saindo é o único ruído que ousa existir entre nós.
— Você veio… — a frase sai baixa, quase um sussurro.
Ela sorri — um sorriso hesitante, tímido, mas verdadeiro.
— Eu prometi, não foi?
Prometeu.
E mesmo depois de tudo, cumpriu.
Quero rir, quero chorar, quero pedir desculpa por tudo de uma só vez. Mas as palavras parecem frágeis demais para o que sinto.
Apenas faço um gesto com a cabeça, pedindo que ela se sente ao meu lado no banco.
Ela hesita por um segundo — talvez o mesmo medo que me segura — e então se aproxima.
Sinto o leve farfalhar do tecido do quimono simples que ela veste, um tom bege claro com pequenas flores de ameixa. É o tipo de roupa que nossa mãe usaria em dias de visita aos templos.
Quando ela se senta, o banco range um pouco.
O som é tão ban