SEBASTIAN Passaram-se alguns dias desde que abri os olhos e descobri que minha vida não é mais a mesma — ou melhor, que não é mais a vida que eu lembrava. Recebi algumas visitas nesse tempo, rostos que ora me parecem familiares, ora me soam como completos estranhos. Isadora vem todos os dias. E com ela, o bebê. Enrico. Meu filho. Quando o vejo, sinto apenas estranheza. É como se fosse o filho de alguém que eu respeito, mas não o meu. Tento encontrar em mim uma fagulha de reconhecimento, qualquer coisa que justifique a forma como todos me olham quando o seguro nos braços, mas o vazio é maior. O menino dorme, chora, resmunga... e eu continuo sem conseguir sentir nada além de um peso incômodo no peito. Rebeca também aparece, sempre com a menina de olhos curiosos que, dizem, é minha filha. Ísis. Ela fala como se esperasse que eu a reconhecesse, que eu voltasse a ser o homem que ela conheceu. Mas o que encontro nela é ainda mais distante. Nenhuma conexão, nenhum vínculo. Às vezes, pe
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