SEBASTIAN
Os dias passam, e eu começo a sentir uma estranha rotina se formar ao meu redor. Estou cercado por rostos familiares e estranhos, sentimentos que não se encaixam nos gestos que vejo. Minha mãe, sempre presente, me acompanha de forma doce, até protetora demais, como se temesse que eu me partisse ao menor descuido. Isadora também está aqui. Paciente, cuidadosa, mas distante. Ela fala pouco comigo, mas se desdobra com Enrico e organiza tudo em silêncio, como se tivesse decidido que a minha recuperação depende de não exigir nada de mim.
Meu pai aparece em algumas visitas, e o mais estranho de tudo é vê-lo e minha mãe dividindo o mesmo espaço com uma leveza que não parecia possível no pouco que me lembro do passado. Eles conversam, riem, trocam observações banais sobre o neto. Meu pai segura Enrico no colo e seu rosto se abre em um sorriso tão largo que me faz esquecer, por segundos, toda a confusão dentro de mim. Mas logo vem a pergunta inevitável: quando isso mudou? Como el