SEBASTIAN
Estou encarando meu pai como se estivesse diante de um estranho. Há uma tensão no ar que não consigo entender, mas que pesa sobre mim como uma âncora. Minhas mãos tremem sobre o lençol do hospital, meus olhos fixos nele, esperando que sua expressão me diga o que minha mente insiste em negar.
— Aquela mulher… — minha voz sai rouca, frágil, tão baixa que pensei que ele não ouviria. — Ela é mesmo minha esposa? E… nós temos um filho?
Antônio inspira fundo, como se precisasse de coragem para repetir algo óbvio.
— Sim, Sebastian. Isadora é sua esposa. Você a ama com todas as forças. E sim, vocês têm um filho… Enrico. Você esperou muito por ele. Só que… o acidente aconteceu justamente no dia em que ele nasceu.
Minha respiração falha. Filho. A palavra ecoa na minha mente, mas não encontra lugar para se firmar. Eu não consigo visualizar o rosto dessa criança. Não consigo sentir nada além de um vazio cortante. Olho para meu pai e percebo que ele tenta ser firme, mas seus o