ISADORA
Os minutos que se seguem parecem arrastar séculos. Vejo os médicos em volta de Sebastian, luzes direcionadas sobre ele, monitores emitindo seus sons ritmados, uma coreografia fria e precisa. Eu me sinto deslocada, um corpo estranho no meio daquela sala branca, com o coração batendo tão alto que mal ouço as palavras técnicas que escapam entre eles.
Quando finalmente nos chamam para conversar, minhas pernas tremem. Caminho ao lado de Antônio como quem avança em terreno minado. O médico nos conduz até uma sala reservada, as paredes claras me dando a sensação de clausura, como se o ar ali fosse denso demais para respirar.
Ele ajeita os óculos no rosto e fala com calma, mas cada sílaba cai sobre mim como uma sentença.
— Pelo que conseguimos observar, o senhor Montenegro bloqueou as memórias dos últimos quatro anos.
Sinto meu estômago despencar.
— Quatro… anos? — repito, num sussurro rouco, quase sem acreditar. — Ele não se lembra de nada?
O médico balança a cabeça e