Algumas pessoas dizem que a vida muda em um piscar de olhos. Eu discordo. Ela muda em etapas, aos poucos, como uma xícara de café esfriando lentamente enquanto você está ocupado demais para perceber.No dia seguinte à coletiva, voltei à redação com a estranha sensação de estar carregando algo invisível comigo. Não era exatamente ansiedade, nem entusiasmo. Era como uma coceira no canto da alma, uma daquelas que você não sabe se ignora ou cutuca até virar ferida.— Bom dia, Isa! — gritou a Luiza, da editoria de moda, passando com seu blazer impecável e batom vermelho como quem desfila por uma passarela em plena quarta-feira.— Bom dia... — murmurei, tentando equilibrar meu copo de café, minha bolsa, e o celular que insistia em tocar notificações do grupo da família.No meu computador, a tela me esperava com o arquivo ainda em branco da matéria que eu precisava terminar sobre Pedro Dantas. Eu tinha feito anotações no caderno, gravado a coletiva, separado frases... mas por algum motivo, n
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