Acordei com Bento pisando no meu rosto.
Literalmente.
Uma patinha de cada vez, ele atravessou meu travesseiro como se fosse passarela de desfile, desfilando todo o desprezo felino que um gato pode carregar às sete e vinte da manhã de um sábado.
— Bom dia pra você também — murmurei, empurrando de leve aquele corpinho peludo que, agora, ronronava tranquilamente em cima do meu quadril. — Acho que seu relógio interno tá com defeito. Hoje não tem trabalho, lembra?
Mas era inútil discutir. Quando Bento decidia que estava na hora de levantar, era o fim da minha paz.
Levantei. Fiz café. Encarei meu reflexo no espelho da cozinha enquanto a água esquentava e concluí que talvez eu parecesse um pouco mais abatida que o normal. Ou talvez fosse culpa do caos mental que Pedro Dantas havia instalado dentro de mim com apenas uma frase:
“Quero te pagar pra fingir que é minha namorada.”
A vida real, meus amigos, anda parecendo mais roteiro de série do que eu gostaria.
Dei alguns goles no café, tentando