Acho que acabei de vender minha sanidade por mensagem de texto.
Enviei a mensagem antes que meu cérebro tivesse tempo de me impedir.
“Eu aceito.”
Duas palavras.
O tipo de frase que a gente escreve achando que vai se sentir aliviada depois. Mas não. O que eu senti foi uma onda de pânico silencioso crescendo nas pontas dos dedos.
Soltei o celular como se ele tivesse queimado minha mão. Ele caiu no sofá, quicando uma vez antes de se acomodar entre as almofadas, talvez com mais dignidade do que eu tive ao tomar essa decisão.
— Isso é loucura, né? — falei para ninguém. Ou melhor, falei para Bento, que estava deitado no chão, meticulosamente arruinando a lateral do meu tapete com as garras.
Ele ergueu a cabeça devagar, me olhando com aquele desprezo felino passivo-agressivo que só um gato consegue expressar com tanta perfeição.
— Não olha assim pra mim. Eu precisava aceitar. — Cruzei os braços, andando de um lado para o outro da sala. — Ele fez parecer tão lógico. Dois meses. Um contrato. U