O portão da casa dos meus pais estava entreaberto, como sempre ficava aos finais de semana. O jardim bem cuidado, com as azaléias que minha mãe insistia em plantar todo ano, exalava aquele cheiro familiar de infância. E lá estava eu, com as mãos suando e o estômago revirando, acompanhada por um homem que, segundo o resto do mundo, era meu namorado.Pedro já havia conhecido meus pais, sim, aquela visita surpresa no meu apartamento estava viva demais na minha memória para esquecer, mas agora era diferente. Agora ele estava prestes a entrar no território sagrado da minha infância, onde fotos minhas de uniforme escolar ainda decoravam paredes e onde qualquer deslize seria testemunhado por uma plateia implacável: meus irmãos, meus tios, primos, vizinhos antigos... e, claro, minha mãe com sua habilidade nata de espalhar qualquer novidade em tempo recorde.— Tem certeza que quer passar por isso? Ainda dá tempo de fugir — murmurei, segurando o portão com a mão suada.Pedro sorriu, confiante.
Leer más