Meu despertador tocou às sete da manhã com a sutileza de um apocalipse zumbi. Bento miou ao meu lado, como se também questionasse minhas decisões de vida.
— Eu sei, eu sei... Mas foi você quem me convenceu, lembra? — murmurei, coçando atrás da orelha dele enquanto me arrastava para fora da cama.
Ele apenas bocejou, se virando de barriga para cima. Traidor.
Eu tinha um contrato com Pedro Dantas. E hoje era o primeiro grande teste: uma sessão de fotos para alimentar a narrativa do “casal do momento”. Fotos de beijos suaves, olhares apaixonados, toques sutis que passariam confiança e química para a mídia.
Só que não havia química. Havia um contrato. Uma planilha de orientações enviada pela equipe dele no fim da noite anterior e uma jornalista com crises existenciais logo após dizer “eu aceito” via mensagem de texto.
Sim, foi assim mesmo. “Eu aceito.” Duas palavras. Sem emoji. Como se estivesse concordando em pagar uma conta de internet atrasada. Ou assinar a entrega de uma encomenda. Nad