O sábado passou num piscar de olhos. Entre risadas, pão quentinho, cochilos na rede e conversas que se estendiam pela varanda, Elize quase esqueceu das responsabilidades e dos fantasmas que ainda insistiam em rondar seus pensamentos. Por algumas horas, foi fácil fingir que tudo estava no lugar.
Mas o tempo nunca para, e quando o domingo amanheceu, silencioso e dourado, ela já estava de pé.
Gael dormia com os braços soltos sobre o travesseiro, os cílios compridos descansando sobre as bochechas coradas. A luz da manhã invadia o quarto devagarinho, como se também tivesse receio de acordá-lo.
Elize sentou-se na beira da cama e ficou observando por um tempo. Aquela cena a desmontava. Sempre. O peito apertava, a garganta formigava e, por um segundo, era difícil lembrar como respirar com leveza.
Passou os dedos delicadamente pelos fios de cabelo bagunçados dele, e um sorriso escapou.
— Você cresceu rápido demais...
Ele resmungou algo incompreensível e virou de lado, puxando o cobertor