Talvez fosse a chuva incessante, que tamborilava sem piedade nas janelas desde a madrugada, como se o próprio céu estivesse de luto.Talvez fosse o Napoleão — meu cachorro dramático e chantagista — que, pela primeira vez em meses, não tentou me acordar mordiscando meu pé em troca do café da manhã.Talvez fosse o maldito despertador que, em um ato de traição, decidiu simplesmente não tocar.Ou talvez fosse a última gota do meu sagrado café que acabou ontem, e que, no caos da manhã, eu esqueci de repor.Talvez — e esse é o golpe final — fosse o meu velho fusca amarelo, que resolveu morrer na garagem, emitindo apenas um suspiro deprimente quando tentei dar partida.Tudo, absolutamente tudo, parecia conspirar contra mim. Sinais claros, gritantes, de que aceitar esse emprego maluco como babá de trigêmeos era a pior ideia que já tive na vida. Mas mesmo assim, lá estava eu.Espremida no ônibus lotado entre um homem tatuado até o pescoço, com cabelo rosa-choque e fone de ouvido vazando um hea
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