Entrei no quarto de Lauren e olhei em volta, absorvendo a decoração do lugar. As paredes eram pintadas de roxo, com uma bailarina desenhada na parede, dando um ar de conto de fadas ao ambiente. No canto, uma casa de bonecas do tamanho de uma mesa de sinuca e três prateleiras cheias de ursos de pelúcia.
Lauren entrou no banheiro levando uma toalha, e aproveitei para dar uma olhada no closet dela — e, sim, ela tinha um closet! Peguei uma calça preta e uma blusa branca com alguns desenhos e coloquei em cima da cama, antes de sair do quarto.
O quarto de Thomas era todo azul, com carrinhos espalhados por toda parte, e uma cama em formato de carro, como se fosse uma mini versão de uma garagem. Ele estava no banho, então fui até o closet dele — mais uma vez me sentindo indignada por crianças de 8 anos terem closet enquanto eu... bem, eu não tinha. Separei uma blusa preta e uma bermuda azul e coloquei em cima da sua cama.
Entrei no quarto de Charlie, no final do corredor. As paredes eram pintadas de verde bebê, e o chão estava espalhado com alguns carrinhos e ursos de pelúcia. Um cavalete de pintura estava em um canto, com um quadro em andamento, e muitas tintas estavam espalhadas em cima de uma mesa ao lado. A cama de Charlie, assim como a de Thomas, era em formato de carro.
Charlie estava sentado na cama, olhando fixamente para o teto, onde desenhos de planetas e estrelas estavam espalhados, como se o teto fosse uma janela para o universo.
— Charlie? — Chamei.
— Que? — Ele respondeu, com um tom curto e ríspido, sem tirar os olhos do teto, onde os planetas pintados em tons de azul e roxo pareciam dançar ao ritmo da luz suave que entrava pela janela. Puxava demais o pai, aquilo estava mais do que claro.
— Seus irmãos já estão no banho. — Fui até o closet dele, e, sem esconder o desagrado, peguei uma bermuda preta e uma blusa branca com alguns desenhos coloridos. Coloquei as roupas em cima da cama, tentando não fazer barulho para não interromper sua concentração nos planetas que ele tanto observava.
— E eu com isso? — A resposta veio sem nem um pingo de esforço para disfarçar o desdém. Ele ainda estava completamente absorto na imensidão do seu teto, como se o resto do mundo não existisse.
— Você sabia que o Sol é considerado a maior estrela existente? — Perguntei, mais por curiosidade do que por qualquer outra coisa. Me aproximei um pouco mais e me sentei em um puff amassado que estava jogado no canto, tentando pegar alguma reação dele. Ele se mexeu um pouco, virou a cabeça na minha direção, mas sem demonstrar muito interesse.
— O Sol não é uma estrela! — Ele respondeu, levantando uma sobrancelha e com uma expressão de quem estava se sentindo desafiado. Era óbvio que ele queria me mostrar que sabia mais do que eu sobre o assunto.
— Então ele é um planeta? — Perguntei, rindo internamente da direção que a conversa estava tomando. Me acomodei no puff, deixando meus braços cruzados, observando-o, como quem finge não se importar com nada, mas na verdade, estava curiosa para ver até onde ele iria com aquele argumento.
— O Sol é o Sol. — Ele deu de ombros, parecendo pensar que aquilo era a explicação definitiva para tudo. Ele nem se deu o trabalho de responder de forma mais complexa. Era como se estivesse me ignorando por completo, mas, ao mesmo tempo, se sentindo vitorioso em sua própria visão do mundo.
— Que tal assim, se o Sol for uma estrela, você vai pro banho. — Falei com um sorriso de canto, desafiando-o com as palavras, já sabendo que ele não resistiria.
— E se ele for um planeta? — Ele pulou da cama com tanta agilidade que parecia que estava esperando aquela resposta o tempo todo. Ele me encarou com intensidade, como se eu tivesse acabado de dar a ele a oportunidade perfeita para mudar o rumo daquela conversa.
— Se ele for um planeta, você vai pro banho. — Eu sorri, não pude evitar. Levantei do puff com a sensação de que estava no controle daquela situação, como uma brincadeira entre adultos e crianças. O sorriso no meu rosto era o suficiente para quebrar qualquer resistência.
— Isso não é justo! — Ele reclamou, levantando a voz, mas ao mesmo tempo sorrindo, como se fosse um jogo divertido para ele também.
— Nada é justo. — Eu pisquei para ele, já sabendo que a batalha estava ganha. Ele revirou os olhos, riu, e saiu correndo para o banheiro, cumprindo a única ordem que eu havia dado até agora.
Ainda sem acreditar que aquilo realmente havia funcionado, pensei nos trigêmeos com uma mistura de surpresa e apreensão. Eles eram idênticos, com a mesma aparência marcante do pai. Cada um com sua característica única, mas no fundo, todos carregavam aquele charme irresistível que, ao meu ver, só poderia ser obra dele.
Os cabelos loiros, a pele impecável e o nariz empinado, que parecia esculpido, lembravam cada detalhe do Sr. Davis. O que mais me chamava a atenção, porém, eram os olhos azuis. Aqueles olhos, embora inegavelmente lindos, me faziam pensar que talvez tivessem vindo de sua mãe — uma mulher misteriosa que eu ainda não conhecia.
Lauren, com seus cabelos longos e ondulados, parecia uma princesa de contos de fadas. O cabelo descia até a altura da sua cintura, brilhando com aquele tom dourado, ainda mais iluminado pelas luzes do quarto. Era quase um toque de mágica ver o reflexo da luz neles, se movendo com ela a cada passo.
Charlie, por outro lado, tinha os fios mais curtos, com uma franja que caía suavemente sobre a testa, escondendo parcialmente seus olhos penetrantes. Seu corte até o queixo dava um ar rebelde, mas ele ainda exalava aquela doçura inconfundível de criança.
Thomas, o mais "clean" de todos, exibia um corte raspado dos lados, com o cabelo no topo perfeitamente estilizado, formando um topete que mais parecia ter saído de um desfile de moda.
Os três eram belos de uma maneira que só poderia ser comparada à perfeição. Eu, se tivesse a oportunidade, ficaria mais do que orgulhosa de criar filhos tão incríveis. Claro que o fato do Sr. Davis ser o pai deles certamente ajudava na parte da beleza. O homem era, sem dúvida, uma dessas criaturas que poderiam fazer qualquer um perder a linha.
Ok, eu admito, seria errado dizer que uma parte de mim adoraria ser a babá em um filme pornô em que o chefe é o protagonista, não é? Talvez um pouco... muito errado. Mas, cá entre nós, o Sr. Davis tinha aquele quê de tentação irresistível.
Suspirei, puxando o celular do bolso e me dirigindo até o quarto mais afastado da casa. Com dedos ligeiros, disquei o número de Jessica, que provavelmente entenderia a bagunça que estava prestes a começar.